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terça-feira, 1 de março de 2011

Para os partisans da integralidade! - parte II John Steinbeck



"A última função clara e definida do homem - músculos que querem trabalhar, cérebros que querem criar algo além da mera necessidade - isto é o homem. Construir um muro, construir uma casa, um dique, e por nesse muro, nessa casa, nesse dique, algo do próprio homem é retirar para o homem algo desse muro, dessa casa, desse dique; obter músculos fortes à força de move-los, obter formas e linhas elegantes pela concepção. Porque o homem, ao contrário de qualquer coisa orgânica ou inorgânica do universo, cresce para além do seu trabalho, galga os degraus de suas próprias idéias, emerge acima de suas próprias realizações. É isto o que se pode dizer a respeito do homem".

IN: Steinbeck, John. As vinhas da ira. Rio de Janeiro, Bestbolso, 2010, pg. 187.







Notas de leitura do Senhor C.:

Lendo estas linhas quase que se pode perguntar: John Steinbeck leitor de Marx? Há tanto eco das concepções humanistas do pensador alemão nestas frases do escritor estadunidense. A concepção do homem como processo, do trabalho como realizador do essencialmente humano, do homem como força dinãmica e transcendente, portanto, do homem como produto histórico.

Lendo estas linhas também se pode pensar na busca - algo abstrata - a que se entregam os defensores da integralidade quando miram-se com seus conceitos de homem tão abstraídos e mesmo reducionistas em relação às possibilidades que este 'pensar' o homem steinbeckiano reclama. O homem que cresce para além do seu trabalho, isto é se realiza como homem pelo trabalho; o homem que galga os degraus de suas próprias idéias, isto é, realiza a objetivação de sua subjetividade na produção das coisas, do mundo e de si mesmo; e que emerge acima de suas próprias realizações, faz pensar no homem como uma totalidade dinâmica que se constrói permanentemente, pois ao realizar coisas produz novas necessidades.

Dito desta maneira soa de uma complexidade tão simples em seus termos e elementos, que fica muitas vezes difícil tentar compreender porque insistimos em construir visões parciais e fragmentárias do homem, reduzindo-o a concepções 'naturais', a-históricas que o fossilizam, calcificam ou coagulam em dimensões estéreis, porque abraçam estas dimensões como se cada uma delas, sozinha, pudesse dizer do todo.



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