Comentário do Senhor C.:
- Haverá uma dia em que a sociedade não mais permitirá o diferente, o contraditório, o inusual. Colonizadamente, adotaremos uma palavrinha mágica como solução, simples e eficaz, para os males - e são muitos - que vicejarão numa sociedade aprisionada no medo, e obcecada pelo imediatismo de ter tudo o que quer, o que inclui também que cada um faça sua vingançazinha contra o que lhe incomoda.
Além de todo o mal sociológico, a adoção deste modus operandi fará mal à riqueza e diversidade de vocabulário. Diremos bullying (assim, inclusive fazendo trejeitos com a boca para soarmos bem ingleses) todas as vezes que quisermos dizer assédio, importunação, agressividade, violència física, maus-tratos, negligência, exclusão, segregação, rejeição, intimidação ou qualquer coisa que possa ser denominada tal como é.
Como se pode perceber, um significativo número de situações que, por distintas, deveriam ser tratadas de modo específico, passará a ser rotulada como uma coisa só, genérica, vaga, imprecisa. Mas, nesta síntese que apaga as diferenças, tudo será bullying! E tudo se justificará por isso. Neste dia, todo psicopata ou sociopata que cometer desatinos e massacres, dirá que o fez em nome da palavrinha benta. Em breve, até os políticos mais inescrupulosos justificarão seu comportamento nocivo e nefasto, de corrupção e desinteresse público, alegando terem sofrido o problema na infância e adolescência. A grande verdade, é que neste dia em diante, faremos mal uso da língua e dos costumes. E tudo enveredará pelo caminho fácil de justificativas simplistas que cabem nas singelas letrinhas com que comporemos a palavra. Some-se a esta atrocidade simplificadora, que haverá a praga de reprodução de 'especialistas' que, para quase tudo, sapecarão do bolso as mesmas regras de composição argumentativa, e de raciocínios pretensamente lógicos com que pomposamente asseguram luzes e câmeras para seu ego, ao mesmo tempo com que massacrarão corações e mentes, repetindo mantras de obssessividade punitiva e interpretoses de mal gosto.
Nos tempos de então, que destino terão filmes como o que Bryan de Palma brilhantemente realizou, como o que recebeu o nome de "Carrie, a estranha"? Será processado e proscrito por apologia ao bullying? Nem duvido!
E o Patinho Feio? Meu Deus, a que destino atroz será relegada a obra de Andersen? Bem, talvez nada possa ser pior do que o esquecimento. Afinal, as crianças não lerão mais histórias de patinhos feios que viram cisnes (certamente um caso de superação que os especialistas rotularão como impossível em tempos de bullying). Estarão muito ocupadas com o lixo que campeia na internet, enquanto pais ocupadíssimos se entregam ao dolce farniente dos tempos modernos. E haja bullying!!!!
Comentário provavelmente escrito quando ainda não existia o politicamente correto, meninos e meninas se xingavam na escola, se punham apelidos ridículos, enfrentavam dilemas de aceitação de imagem e identidade, viviam conflitos de igual ou maior intensidade que agora, mas não corriam às armas para eliminar seus desafetos nem resolviam seus problemas desenvolvendo psicoses e sociopatias. Talvez porque lessem histórias infantis, contos da carochinha e houvesse pais e professores dispostos a conversar, tanto quanto ouvintes dispostos a ouvir. Mas...
Além de todo o mal sociológico, a adoção deste modus operandi fará mal à riqueza e diversidade de vocabulário. Diremos bullying (assim, inclusive fazendo trejeitos com a boca para soarmos bem ingleses) todas as vezes que quisermos dizer assédio, importunação, agressividade, violència física, maus-tratos, negligência, exclusão, segregação, rejeição, intimidação ou qualquer coisa que possa ser denominada tal como é.
Como se pode perceber, um significativo número de situações que, por distintas, deveriam ser tratadas de modo específico, passará a ser rotulada como uma coisa só, genérica, vaga, imprecisa. Mas, nesta síntese que apaga as diferenças, tudo será bullying! E tudo se justificará por isso. Neste dia, todo psicopata ou sociopata que cometer desatinos e massacres, dirá que o fez em nome da palavrinha benta. Em breve, até os políticos mais inescrupulosos justificarão seu comportamento nocivo e nefasto, de corrupção e desinteresse público, alegando terem sofrido o problema na infância e adolescência. A grande verdade, é que neste dia em diante, faremos mal uso da língua e dos costumes. E tudo enveredará pelo caminho fácil de justificativas simplistas que cabem nas singelas letrinhas com que comporemos a palavra. Some-se a esta atrocidade simplificadora, que haverá a praga de reprodução de 'especialistas' que, para quase tudo, sapecarão do bolso as mesmas regras de composição argumentativa, e de raciocínios pretensamente lógicos com que pomposamente asseguram luzes e câmeras para seu ego, ao mesmo tempo com que massacrarão corações e mentes, repetindo mantras de obssessividade punitiva e interpretoses de mal gosto.
Nos tempos de então, que destino terão filmes como o que Bryan de Palma brilhantemente realizou, como o que recebeu o nome de "Carrie, a estranha"? Será processado e proscrito por apologia ao bullying? Nem duvido!
E o Patinho Feio? Meu Deus, a que destino atroz será relegada a obra de Andersen? Bem, talvez nada possa ser pior do que o esquecimento. Afinal, as crianças não lerão mais histórias de patinhos feios que viram cisnes (certamente um caso de superação que os especialistas rotularão como impossível em tempos de bullying). Estarão muito ocupadas com o lixo que campeia na internet, enquanto pais ocupadíssimos se entregam ao dolce farniente dos tempos modernos. E haja bullying!!!!
Comentário provavelmente escrito quando ainda não existia o politicamente correto, meninos e meninas se xingavam na escola, se punham apelidos ridículos, enfrentavam dilemas de aceitação de imagem e identidade, viviam conflitos de igual ou maior intensidade que agora, mas não corriam às armas para eliminar seus desafetos nem resolviam seus problemas desenvolvendo psicoses e sociopatias. Talvez porque lessem histórias infantis, contos da carochinha e houvesse pais e professores dispostos a conversar, tanto quanto ouvintes dispostos a ouvir. Mas...
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