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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Guerra sem trégua

mais uma das "Crônicas do Mota"




A infinidade de críticas contra a decisão do Copom de cortar 0,5 ponto percentual da taxa de juros básica da economia, a Selic, escancarou a realidade da nossa imprensa, que atua como mera porta-voz de determinados grupos econômicos.

Nesse caso, as notícias foram como press releases das instituições financeiras. Quem ousou ser a favor da decisão até que foi ouvido, mas a opinião foi colocada no seu devido lugar, bem escondida num canto de página qualquer, no meio de uma matéria ou outra.

Sem quase nenhuma análise mais sofisticada, os jornalões repetiram o mantra de que o Banco Central agiu da maneira que agiu apenas porque a presidente Dilma Rousseff assim determinou. E, assim fazendo, jogou no lixo toda a sua credibilidade. Até parece que, de agora em diante, tudo o que a autoridade monetária fizer será desconsiderado pelo "mercado" - essa entidade incorpórea e onipresente que permeia todas as ações dos viventes.

As coisas, porém, não são bem assim. Os agentes do sistema financeiro podem falar o que quiserem do Banco Central, mas sabem muito bem que seus diretores não são um bando de parvos ou de puxa-sacos carreiristas que dizem sim a tudo o que a presidente quer.

Tudo continuará como sempre - os tais "analistas" que infestam as páginas econômicas dos jornais não deixarão de acompanhar com lupa todas os atos do Banco Central, como sempre fizeram, à busca de subsídios para suas "análises". Ou seja, o Banco Central será, como sempre foi, o norte para suas decisões, para as suas interpretações da conjuntura.

Dizer que o Banco Central agiu politicamente ao reduzir os juros não passa de uma frase de efeito. Qualquer decisão da autoridade monetária, mesmo a motivada pela mais técnica das razões, é política, pois tem implicações óbvias sobre o corpo social. O Copom, afinal, não é formado por robôs, mas sim por pessoas que vivem no mundo real...

No fundo, tudo o que foi dito e escrito ontem e hoje sobre o tema não é nada mais do que outro capítulo da longa guerra pelo poder que se trava no país. É um vale-tudo que não despreza nem armas, nem oportunidades. Qualquer coisa é motivo para mais uma batalha, para mais um ato de guerrilha.

As forças do atraso são fortes, rejeitam qualquer tipo de trégua e usam a tática de terra arrasada. Não podem, portanto, ser subestimadas.





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