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domingo, 4 de novembro de 2012

Uma guerra está em curso: a guerra paulistana


Polícia e PCC matam-se porque algum acordo mútuo foi rompido. PM e governo afundam-se na lógica de vingança do crime

Por Bob Fernandes, em Tecedora

Noventa e oito policiais militares assassinados em São Paulo neste ano. Só 5 deles mortos trabalhando. Quando a morte é fora do trabalho, a família não recebe benefícios. Neste ano, em todo o estado, já foram assassinados mais de 3.330 cidadãos. Só na capital, até setembro, 919 homicídios.

Antonio Ferreira Pinto é o Secretário de Segurança. Numa dessas coletivas para a imprensa, há pouco tempo, ele disse que os assassinatos de PMs não tinham “nenhuma vinculação com a facção”. A “facção”, como diz o secretário sem citar o nome, é o PCC.

Não há quem não saiba que está em andamento uma guerra particular entre o PCC e a PM. Uma PM, pelo que se sabe, com divisões; digamos assim. Segundo oficiais com quem falei, teriam sido rompidos, de parte a parte, “códigos de conduta”.

Há quem negue a existência de tais códigos, mas eles existem: a polícia tem seus códigos não escritos e os criminosos também têm. E ambos têm um código em comum. Pela quantidade de mortos, é evidente que algum tipo de código, ou de acordo -ou de acordos- foi rompido.
Criminosos matam de um lado? Vem a resposta: alguns, quase sempre em motos, com munição de uso exclusivo de forças policiais, dão o troco e também matam. Fica no ar uma pergunta que talvez contenha a resposta: por que, nesta guerra nas ruas, apenas policiais militares, e não policiais civis, estão sendo mortos? É certo que a Inteligência do Estado tem informações sobre isso.

O secretário de segurança nega, ou negava até outro dia, o que é óbvio. E, diante de câmeras e microfones atua como se fosse o Durango Kid. Enquanto o secretario atua, e nega o óbvio, vejam a ousadia dos ataques: um tenente trabalha na Casa Militar e na escolta do governador Geraldo Alckimin. As iniciais do seu nome são SCS. O tenente foi atacado; não no trabalho. Recebeu um tiro de raspão, no rosto, reagiu e matou o agressor.

O Major Olímpio, deputado estadual pelo PDT, em ato na Praça da Sé disse com todas as letras: “Policiais militares estão sendo dizimados e não adianta negar e dizer que é lenda. O PCC está matando policiais”.

O troco vem sendo dado nas ruas. Isso nunca funcionou. Nem no Velho Oeste, nem com as milícias no Rio de Janeiro, nem aqui, com os antigos e os novos esquadrões da morte. Isso só serve para produzir mais mortes, muitas vezes de inocentes. Serve também para eleger oportunistas, com discursos e práticas fascistóides.

Fato é que, antes de tomar posse, o governador Geraldo Alckimin pensou em substituir o Secretário Ferreira Pinto. Um importante emissário do governo sondou o jurista Walter Maierovitch. Walter, antes até de começar a conversar, impôs algumas condições. Uma delas, nomear os comandos das polícias militar e civil. A conversa nem andou. E Ferreira Pinto ai está.

O bang-bang, os assassinatos, avançam nas ruas de São Paulo. Até quando?

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