Num samba canção de 1955 o compositor Ataulfo Alves, diante da maledicência dos que se sentiam incomodados com seu sucesso nas rodas de samba, desabafou dizendo que a maldade alheia era também uma arte, porém de natureza perversa.
O mote do samba “pois é, falaram tanto” vem à mente quando se considera a campanha que se faz nas redes sociais para ligar o nome de Fernando Haddad às greves nas universidades federais.
Por detrás dela estão os partidários de Serra, temerosos de que a obra do aluno dedicado que se fez ministro da educação ofusque a trajetória do professor que a frente de importantes postos de governo ignorou por completo a educação.
Como aos detratores do sambista, incomoda os partidários do rival tucano José Serra que o jovem candidato seja identificado com a mudança de perfil dos estudantes das universidades brasileiras por meio do Pró-Uni e que a sua gestão tenha multiplicado escolas ali onde não existia até ontem senão uma olaria ou um engenho.
A marca de promotor da democratização do ensino superior, carregada por Haddad, é tão mais perturbadora aos detratores porque aparece nas eleições à prefeitura de São Paulo contraposta à de alguém que construiu sua imagem pública em torno da figura de professor sem que tenha dado ensejo a qualquer iniciativa de importância no âmbito da educação.
Ostensivamente contrário à universalização do ensino superior, Serra não mediu esforços, como governador do Estado de São Paulo, para que as grandes universidades públicas trilhassem o rumo da privatização. Como havia feito nas Universidades federais quando ministro do planejamento de Fernando Henrique Cardoso, Serra asfixiou as universidades paulistas com cortes de verbas para desarticulá-las como instituições públicas.
Confrontado com greves valeu-se da cavalaria e da tropa de choque contra estudantes e professores em substituição ao diálogo necessário às instituições do saber. Para os liberais de mercado, dentre o quais Serra é um expoente, a educação é um negócio como qualquer outro e a resistência para que prevaleça sobre ela o comando do capital deve ser vencida pela força.
Que haja greves nas universidades federais é fato que se coaduna com as pressões emergentes de um País confrontado com demandas enormes para que continue a desenvolver-se. As greves de hoje decorrem não de proposital estrangulamento orçamentário como no passado, mas do vigoroso crescimento da demanda por inversões na esteira do crescimento exponencial do número de vagas e da infraestrutura montada para suportá-las.
Haddad está sendo acusado por seus acertos pela mesma gente que no passado viu no bom samba de Ataulfo motivos para desacreditá-lo, sem que pudessem causar com a arte efêmera da maldade qualquer prejuízo ao significado perene da sua obra.
by Brasil que Vai!
Comentário do Senhor C.:
- Serra tem inveja de Haddad, de LULA, de Dilma, e de todos aqueles que, diferentemente dele, venceram nos propósitos de implantar alguma coisa que valha a pena ser lembrada. Aos 70 e poucos anos, o Zé da Moóca não tem nada que possa passar a posteridade do imaginário popular e da história nacional. Exceto o fato de ser protagonista da história política brasileira há quase 60 anos, Zé Chirico Serra não deixa legado, não tem políticas públicas próprias, não contribuiu com sequer uma frase que valha a pena ser lembrada. Deixa, ao contrário episódios reprováveis aos olhos de qualquer pessoa decente: a farsa da bolinha de papel, as mentiras, a manipulação informativa, o apego ao poder, a arrogância, o autoritarismo e, principalmente, a derrocada dos valores republicanos em todas as pastas e governos que ocupou. Só pode mesmo ter inveja de quem construiu políticas públicas inclusivas e universalistas e, deste modo, escreveu o nome no panteão da memória da deusa História.
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