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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Festinha privê


O governo federal anunciou ontem a redução das tarifas de energia elétrica para empresas e famílias. Não me lembro de iniciativa semelhante, mas sim do racionamento imposto ao país no governo FHC. Impressiona como as coisas mudaram ao longo desses anos. Parece que saímos da idade das trevas para finalmente começarmos a enxergar o mundo como ele é - ou deveria ser -, de cores exuberantes.

O governo Dilma tem promovido, sem explicitar o fato, as reformas que podem levar o Brasil ao Primeiro Mundo: corte nos tributos e na taxa básica de juros, investimentos na infraestrutura - especialmente a de logística -, construção de moradias, oferta farta e barata de crédito, desoneração da folha de pagamentos, foco no aprimoramento da gestão, combate à corrupção, mudanças na Previdência (a do funcionalismo público já efetuada; a dos cidadãos comuns em via de ser anunciada), entre outras coisitas mais.

É estranho que tal revolução silenciosa não seja nem notada nem destacada pelos tais analistas que abundam nas páginas dos jornalões, sempre dispostos a dar palpites em tudo.
Em vez disso, eles têm preferido comentar o julgamento do dito mensalão, como se a condenação de alguns políticos do PT fosse o suficiente para a desforra que tanto almejam.

O plano traçado há tanto tempo para dinamitar o partido e suas lideranças, porém, não avança por uma razão muito simples: ninguém, com exceção dessa meia dúzia de saudosistas dos velhos e bons tempos em que os neoliberais faziam do Brasil o seu parque de diversões, está dando a mínima para o julgamento.

No roteiro escrito por esses golpistas acovardados, nesta altura do campeonato as praças estariam cheias, com as multidões clamando pelo sangue dos réus, uma onda de indignação moral teria tomado conta do país e os infames usurpadores do poder cumpririam seus mandatos feito zumbis, contando as horas para passar o bastão aos representantes dos homens bons.

Como é a arte que imita a vida e não o contrário, essa turma terá de se contentar em promover festinhas privês e não públicas para comemorar a vitória que conquistará em breve, graças a um tribunal que não foge do estereótipo da Justiça brasileira, estigmatizada pelas severas punições que costuma aplicar apenas em pobres, pretos, putas e, agora, petistas.

E enquanto estiverem trocando cumprimentos pelo sucesso da campanha, emparedados pelo medo de se expor à luz do sol, nas ruas, nas casas, nos escritórios, nas fábricas e nos campos o Brasil estará festejando outra coisa muito maior, muito mais valiosa, muito mais duradoura, que são esses primeiros passos que dá em busca de superar de uma vez por todas a ignomínia de ser um dos países com a maior desigualdade social e econômica do mundo.


do Crônicas do Motta.



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