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domingo, 7 de outubro de 2012

Ministro Joaquim Barbosa herói de Veja


Que o adulto não se deixe conspurcar pela nova companhia


Por Maria Frô

Joaquim Barbosa em capa laudatória de Veja seria cômico se não fosse trágico: a revista que tem entre seus ícones Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes e outros colunistas de fazer inveja ao Tea Party; reacionários que já escreveram centenas de artigos contra cotas raciais, cinicamente afirmando que defendiam cotas sociais. Mas agora que governo federal aprovou 50% de cotas para escolas públicas eles também são contra, como foram e são contra o Prouni, Reuni e qualquer medida inclusiva que efetivamente amplie o acesso à educação formal aos mais pobres.

A meu ver mesmo os que combatem de fato o racismo no Brasil e estão decepcionados com o PT não devem comemorar esta capa oportunista de Veja oportunista.

Sempre é bom lembrar que a mesma revista já teve como heróis merecedores de capas laudatórias: Collor, Serra, FHC, Demóstenes Torres, Kassab, até o médico foragido condenado a 278 anos de prisão por 56 crimes de estupro, Roger Abdelmassih, antes de virar ‘monstro’ foi incensado por Veja como o milagroso cientista que fazia os famosos realizarem o sonho de ser pais!

Ícones da esquerda só estiveram nas capa de Veja para serem criminalizados como as famosas capas com João Pedro Stédile, José Rainha, Che e as dezenas de capas feitas contra Lula antes, durante e após os seus dois mandatos.
Para acompanhar a chamada desta capa da Veja a foto teria de ser outra: a do menino Lula.

Afinal, Lula mudou tanto o Brasil que em seu governo a Polícia Federal foi livre para investigar; o Procurador Geral da República livre pra abrir processos e STF para julgar; emitir habeas corpus para Dantas ou até mesmo para ministro do STF fazer coro em dobradinha com Demóstenes Torres na Veja sobre grampo no Senado cujo áudio nunca apareceu…

Lula mudou tanto o Brasil que foi em seu governo que, finalmente, o STF passou a ter mais ministras mulheres e ao menos um ministro negro.

Lula mudou tanto o Brasil que logo, logo outros meninos negros pobres do Prouni ou da política de cotas nas universidades federais poderão sonhar em ocupar os tribunais não como vítimas ou réus, mas como juízes, promotores, advogados de defesa…

Mas, como bem observou meu amigo e sociólogo, Wagner Iglecias: não deixa de ser interessante que, na atualidade, a direita representada por Veja ande tão carente de heróis que tenha escolhido para ovacionar um homem negro de origem pobre.


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