O presidente Barack Obama disse que a morte de 15 afegãos – entre eles, nove crianças e três mulheres -assassinados por um soldado americano no Afeganistão, é um incidente “trágico e chocante”.
Não é chocante, embora seja trágico.
Porque ninguém mais pode se chocar depois do enésimo episódio de abuso violento de tropas americanas.
Não é um louco isolado, como pode surgir em Realengo, na Noruega ou lá no Oriente.
São episódios que se repetem, com uma brutalidade em série, e em crescendo.
Porque Afeganistão e Iraque não são guerras entre exércitos regulares, mas massacres.
É inútil o presidente Barack Obama dizer que esta chacina “não representa a qualidade excepcional de nossa força militar e o respeito que os Estados Unidos têm para com o povo do Afeganistão”.
Se respeitassem os afegãos, já teriam saído de lá, ainda mais agora que a “desculpa” Bin Laden já não existe, faz tempo.
Não teriam bombardeado o país durante anos, sem que nem mesmo houvesse uma força de resistência organizada, mas apenas pequenos grupos dispersos e mal-armados.
Não teriam cometido humilhações e violações, das quais a incineração de exemplares do Corão, há poucos dias, foi o corolário de um processo de desprezo pela cultura, pelas tradições e pela fé dos afegãos.
Não teriam, sobretudo, reservado a mais rápida e severa punição para o soldado Bradley Manning, cujo “crime hediondo” foi revelar algumas destas barbaridades.
Dizer que o soldado assassino sofreu “uma crise nervosa” é patético. Quem está em crise, profunda, são os valores universais da autodeterminação dos povos.
A “loucura” é da guerra, os “cães de guerra” são apenas sua expressão mais crua.
Do Tijolaço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.