CONSUMOU-SE O 15º ARRASTÃO A RESTAURANTES DE SÃO PAULO; EM EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS, DESDE O INÍCIO DO ANO SÃO 14; AQUI, UMA EXPLICAÇÃO DE MOTIVO
Marco Damiani
O que me contam, entre os que leram meu artigo anterior (aqui), é que a polícia civil de São Paulo está descontente com a condução que o secretário Antonio Ferreira Pinto está imprimindo na pasta da Segurança Pública. Egresso da Secretaria da Administração Penitenciária, ele estaria desprestigiando antigos delegados, apressando aposentadorias, relevando promoções e barrando reivindicações de melhoria nas condições de trabalho. Atuando, enfim, com mão pesada e burocrática sobre a polícia, pouco afeito ao diálogo vivo com a categoria real.
Essa discrepância entre cúpula e base, que passaria pelo rebaixamento dos titulares das delegacias estratégicas, seria o principal motivo para o avanço, a olhos vistos, da criminalidade na maior cidade do País. Em outras palavras, os agentes da polícia civil estariam, de tão descontentes, trabalhando numa espécie de operação padrão, fazendo apenas o mínimo necessário em suas respectivas áreas de jurisdição.
É bem provável que isto esteja mesmo acontecendo sob o queixo do governador Geraldo Alckmin. Em outras ocasiões, igualmente por descontentamento com a cúpula da Segurança Pública, a polícia civil de São Paulo já deu mostras, pela ausência, do quanto pode custar caro para a sociedade um comando insensível às suas peculiaridades.
Porque dizer que polícia é uma categoria como qualquer outra, a ser tratada mais na base da frieza dos números do que pela compreensão de sua natureza especial, realmente se mostra o cúmulo da burocratização da gestão pública. Alckmin e seus tucanos deveriam entender que não foram eleitos apenas para gerenciar o Estado sob um único metro, mas, sim, para demonstrarem capacidade de solução de problemas muitas vezes com criatividade e, portanto, medidas desiguais para questão diferentes. Não é o que se vê. Aliás, bem ao contrário, trata-se aqui de um governo que não se vê.
Neste quadro, noticiou-se no final de semana o 15º arrastão do ano em restaurantes paulistanos, esses endereços que orgulham a cidade e deram a ela o título de capital gastronômica do continente. Desta vez foi o Gigio com seus cantores italianos, suas entradas variadas e molhos avermelhados. Uma instituição do velho e amado Brás. Quase no mesmo momento em que esse monumento se via atacado sem socorro, noutra área da cidade realizava-se o 14º arrastão do ano a um prédio residencial.
Para retomar a hipótese do artigo anterior, se o governo do Estado, responsável pela segurança pública, estivesse nas mãos de algum petista, qualquer quer seja, já se ouviriam pedidos de impeachment. Pelo motivo de incompetência. Como se trata do tucano Geraldo Alckmin, talvez o certo seja dar a ele os parabéns pelo sensível trabalho, é isso?
Comentário do Senhor C.:
- Pois é, passam-se os anos, as décadas, e as palavras vão sendo engravidadas. Arrastão já foi nome de método de pesca; nome de meia ou vestimenta feminina; e nome de atividade carnavalesca nos blocos de Salvador, de Recife e Rio de Janeiro. Agora, arrastão dá nome a nova atividade econômica marginal surgida como reflexo das políticas públicas (e privatistas) que os governos tucanos imprimem sucessivamente a cidade de São Paulo.
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