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domingo, 3 de junho de 2012

Nasce a nova agenda de Dilma: preço justo


Foto: Ueslei Marcelino/ REUTERS

Juros bancários, tarifas telefônicas e preço da energia elétrica: a presidente já superou o primeiro obstáculo e pretende atacar os outros dois para reduzir o Custo Brasil, não pela ótica das empresas, mas dos consumidores; começa a nascer uma bandeira de governo: o preço justo
Os números da economia brasileira não estão entre os melhores na comparação internacional. O “pibinho” de 0,2% no primeiro trimestre deste ano colocou o Brasil em 21º lugar numa lista de 33 países. É público e notório em Brasília que, mesmo diante de um ambiente conturbado na capital federal, a presidente Dilma Rousseff tem dedicado muito mais atenção à economia do que à política. E, aos poucos, começa a ganhar forma uma marca em seu governo: a de uma mulher que se preocupa com o Custo Brasil, mas não pela ótica das empresas, e sim dos consumidores.
A primeira batalha, a dos juros, vem sendo superada. O Brasil já não tem a maior taxa do mundo e a Selic de 8,5%, fixada pelo Banco Central na última reunião do Comitê de Política Monetária, abriu espaço para um novo ciclo de competição entre os bancos. Instituições como Bradesco, Banco do Brasil, BRB e Caixa Econômica Federal anunciaram novas rodadas de cortes nas taxas.
Agora, a presidente elegeu dois novos alvos: as tarifas de telefonia e de energia elétrica. No primeiro caso, ela determinou ao ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, estudos para reduzir os impostos incidentes sobre o setor e também outras medidas para baratear as ligações, que, no Brasil, são as mais caras do mundo (leia mais aqui).
No caso da conta de luz, a presidente também pediu estudos aos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e de Minas e Energia, Édison Lobão, para reduzir os 42% de impostos que incidem sobre o setor. A ideia é baratear os contas e liberar recursos no orçamento doméstico das famílias.
Durante muito tempo, a discussão sobre o chamado “Custo Brasil” foi liderada pelas empresas, que reclamavam da má infraestrutura, do excesso de impostos e da burocracia. Agora, pela ótica do consumidor, esse assunto começa a ganhar corpo no governo e reflete uma postura que Dilma Rousseff já demonstrava como ministra do governo Lula. No novo modelo do setor elétrico, os leilões tinham como premissa a oferta da energia mais barata ao consumidor. O mesmo foi feito nas concessões de estradas cuja licitação foi conduzida por ela, como no caso da Fernão Dias.
Em busca de uma bandeira
Dilma Rousseff, até agora, não encontrou uma bandeira definitiva para o seu governo. A “faxina”, marca do primeiro ano, foi transitória. O slogan “País rico é país sem pobreza”, de certa forma, reflete apenas a continuidade de um processo de inclusão social iniciado pelo antecessor Luiz Inácio Lula da Silva.
O Planalto, agora, talvez tenha começado a enxergar um dos principais anseios do povo brasileiro, que é a noção de preço justo. Por que, afinal, o Brasil tem a telefonia mais cara do mundo? A energia mais cara do mundo? Os carros mais caros do mundo? Eis aí uma bandeira que começa a nascer.

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