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terça-feira, 31 de maio de 2011

Eleições, futebol, manipulação midiática e impunidade!


As eleições da FIFA que acontecerão amanhã marcam o sucesso (pelo menos até o momento, pois parece que começam a se ouvir vozes discordantes) de um conluio que reúne poder econômico, interesses políticos menores e particulares, corrupção, manipulação midiática (com certeza, no caso brasileiro) e ética da impunidade.

A notícia, amplamente divulgada nos últimos dias pelo PIG nacional, capitaneado pela poderosa Rede Globo, dando conta da inocência de Ricardo Teixeira das acusações de suborno e corrupção na condução dos negócios da poderosa associação de futebol são um exemplo inconteste de como as versões divulgadas acriticamente prejudicam a compreensão da realidade dos fatos.

A Globo anunciou em todos os seus jornais diários que Teixeira foi inocentado por uma comissão montada pela própria FIFA para investigar (???) aos seus dirigentes. Ainda que reconhecendo a máxima moral de que ninguém é culpado até que se prove o contrário, soa estranho este modus operandi, que equivale a convidar a raposa para verificar o sumiço das galinhas no galinheiro.

Mas a Globo, interessada em proteger seus interesses no futebol brasileiro, e tendo em Ricardo Teixeira um fiel escudeiro e aliado, logo tratou de difundir amplamente um veredito de inocente, menosprezando ou ocultando outros fatores extra-campo, como as denúncias divulgadas pela BBC sobre fraudes e corrupção manifestas na organização.

Claro que também cumpre reconhecer que a BBC deva ter lá seus interesses - que ninguém é isento ou desprovido deles - mas não caberia ao jornalismo que se diz investigativo, isento, imparcial, e defensor das verdades, coligir dados e informações que permitissem ao telespectador, leitor e ouvinte formar seus próprios juízos? Ou estamos sendo inocentes em pensar assim, posto que há uma ética das conveniências, uma ética do possível (como já tentou lustrar certo ex-sociólogo incensado por esta mesma mídia) que parece reduzir tudo a um jogo do finge que informa que eu finjo que acredito?

A ver, nos próximos dias, como as congêneres mundiais, a começar pela citada BBC se comportarão diante do fato de que a FIFA é cada vez mais uma organização sob suspeita, um espaço cada vez mais opaco sobre o qual só se acumulam dúvidas e inquietações.

Afinal, trata-se de um pequeno grupo de senhores cuidando do pequeno montante anual de um orçamento de mais de três bilhões de dólares. Enquanto isso, os torcedores comuns, pobres mortais, só sonham em ver seus times vencerem no gramado, enquanto um pequeno bando de apaniguados se refastela na exploração de uma atividade que é tudo, menos somente um nobre esporte de origem bretã.



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