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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

“Doutor, gostaria de uma segunda opinião”

Os doutores sob exame
Como participantes do exame realizado pelo CREMESP aos médicos recém-formados do estado, somos críticos aos dados emitidos pelo Conselho a respeito da Educação Médica e da repercussão dos principais veículos de comunicação do país frente aos dados.

O Conselho tem se mostrado bastante rigoroso na análise e discussão dos resultados, mas não divulga o fato que onze das 120 questões da prova múltipla-escolha foram anuladas logo na divulgação de seu gabarito. Não se divulga também que o Conselho além de não ter como função debater e construir os rumos da educação médica no país, nega-se nos últimos dez anos a construir alternativas com entidades como Associação Brasileira de Educação Médica, contrária ao exame nestes moldes.

Após seis anos de um curso integral e intensivo e centenas de avaliações teórico-práticas, somos obrigados a nos provar como médicos com uma prova mal construída, terminal e longe de ser formulada por especialistas em currículo e formação.

Assim que um ranking é divulgado, verifica-se o órgão que emitiu o parecer, para saber se tem ou não capacidade de coletar informações válidas e aplicáveis.
Isto não aconteceu no caso do Exame do CREMESP. Mesmo com uma prova absolutamente limitada, os dados foram estampados em manchetes como diagnóstico da saúde do país. As ressalvas à prova, em letras miúdas, são ínfimas, comparadas à insegurança frente a um diagnóstico supostamente inquestionável.

No entanto, este diagnóstico apenas reflete a ineficiência de uma única avaliação para medir um conhecimento eminentemente processual. Aprendemos durante seis anos que bons exames são os capazes de fornecer informações sensíveis. No último dia do curso, obrigaram-nos a esquecer tal ensinamento.

O tema do ensino e da situação dos médicos no país é tradição daqueles que acreditam em saúde de qualidade, para além dos interesses dos proprietários das faculdades particulares e mal estruturadas. Ser a favor de uma medicina de qualidade não é ser a favor de qualquer iniciativa de avaliação, a partir do raso argumento “melhor ter que não ter”. Ainda que tenha gerado um grande debate, não há como negar que o exame carrega velado uma ofensiva às opiniões contrárias à empreitada, como o boicote à prova.

Ao invés de procurarmos, fomos procurados por médicos que se afirmam defensores dos nossos interesses. Colhemos os exames e chegaram os resultados. Afirmam que mais da metade de nós está doente e que o prognóstico é complicado. Temos direito de não aceitarmos a sentença, não por termos certeza que a medicina vai bem, mas porque não concordamos com o exame. Queremos uma segunda opinião. Queremos participar do nosso tratamento, não sermos cobaias e manchetes.

Fabricio Donizete da Costa, 24, Henrique Sater de Andrade, 23, são médicos recém-formados pela UNICAMP.

Comentário do Senhor C.:

- Os conselhos profissionais deveriam se ater ao fiel cumprimento de suas tarefas institucionais. No entanto, são omissos em fiscalizar e punir os profissionais infratores e os locais de trabalho comprometidos. 

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