A última coisa que Serra precisaria que Aécio Neves fizesse seria declarar que ele, Serra, poderia voltar a ser candidato a presidente da República nas eleições de 2014.
A idéia por si mesma é mortal para o eterno candidato presidencial, porque vai em direção oposta à da convicção que busca firmar de que sua disposição de ser prefeito da cidade de São Paulo é desta vez para valer.
Pois foi isso que o preferido do PSDB para disputar as próximas eleições com Dilma Russef em 2014 fez ao ser inquirido em entrevista ao jornal Folha de São Paulo sobre o nome que deverá representar o partido no pleito, em aparente desistência da disputa pública que trava pela indicação.
Matreiro, ao mineiro não interessa mais que Serra venha a sentar-se na cadeira de prefeito, já que de posse do cargo o paulista poderia fulminar-lhe, com articulações de bastidores, as pretensões de chegar ao palácio do planalto.
Como Serra não depôs armas com o anúncio em alto e bom som de que abdica da disputa, a cria de Tancredo ministrou-lhe o letal veneno de insinuar que mais uma vez a prefeitura de São Paulo não será para o rival mais que uma passagem.
Pesou na decisão de Neves a avaliação do quadro político nacional, sugerido pelas últimas pesquisas de intenções de voto, que mostram a preferência majoritária dos brasileiros repartidas entre dois nomes petistas, o da presidente da República e o de Lula da Silva.
O episódio da entrevista, que não é mais que novo lance na disputa intestina que corrói a unidade do partido tucano, produzirá farta munição aos adversários do político de São Paulo cuja estratégia central de campanha consiste exatamente em mostrar que o mesmo prepara-se para dar novo passa-moleque no eleitor paulistano.
Aécio Neves deixou claro com a iniciativa que agora trabalha para o adversário de Serra nas eleições, Gabriel Chalita, não por coincidência ex-secretário e amigo de longa data do atual governador de São Paulo Geraldo Alckimin, a quem Serra abandonou nas últimas eleições municipais.
Se já enfrentava resistências nas bases do partido por haver atropelado o processo interno de escolha do candidato à disputa municipal, Serra agora enfrenta um movimento de cúpula para asfixiar-lhe a candidatura. Recolhe com isso as flores do mal a que deu semeadura em todas as eleições de que participou.
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