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quarta-feira, 18 de abril de 2012

A Globo quer rito sumário e fuzilamento


Se alguém ainda duvida de que a grande mídia quer fazer do julgamento do ” caso do mensalão” pelo Supremo Tribunal Federal um linchamento político, que leia a matéria Réu no caso do mensalão, deputado se reúne com ministro do Supremo na edição de hoje de O Globo.

Com ares de escândalo, diz que o deputado João Paulo Cunha, pediu audiência a cinco ministros do Supremo.

E daí?

Cunha é deputado, integra a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, como tal tem a tratar assuntos que interessam ao Poder Judiciário e, ainda que assim não fosse, é um cidadão em pleno uso e gozo de seus direitos.

Pediu audiência – que se concede ou não – pelos trâmites formais, não por cochichos e subterrâneos.

Não teve um encontro furtivo nem o sugeriu.

Mas O Globo acha escandaloso que alguém que é réu no Supremo possa falar aos ministros.

Quer que sejam tratados como eram antigamente – nem eles, hoje, graças a Deus – os leprosos.

Não apenas quer inapelavelmente matá-los politicamente como, ainda, quer que morram em silêncio.

E mais grave: quer decidir com quem os ministros do STF podem conversar, a quem podem ouvir.

A ninguém que não esteja de acordo com o STM, o Supremo Tribunal da Mídia, que já julgou, já condenou e exige que a Corte Suprema (será mesmo?) cumpra a formalidade de ratificar sua decisão.

Por isso se disse ontem que estamos vivendo um período de sinais trocados: quem denuncia “pressões” sobre a Justiça é quem pressiona o Judiciário.

E anteontem que não se acanham “em fazer, sobre as instituições políticas e judiciais, o lobby do terror, do medo, da intimidação.”

Quem não se portar “direitinho” será denunciado, colocado sob suspeita e terá de gaguejar explicações, que de nada valerão, naturalmente.

Colocou os ministros do Supremo sob vigilância. Quer saber com quem falam, com quem se encontram, quem sabe queira grampear seus telefones, ao melhor estilo Cachoeira?

O Globo não se contenta em fazer a pauta e ditar a linha a seus profissionais. Pretende fazer o mesmo aos juízes da mais alta Corte do país.

Ao contrário do moleiro prussiano do tempo de Frederico II, não crêem que haja juízes em Berlim.

Nem no Supremo Tribunal Federal.


by Fernando Brito



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