O jornal Valor Econômico publica hoje uma pesquisa que deveria estar na cabeça dos governantes que acham que o comércio ambulante se combate apenas com fiscalização e repressão, o famoso “rapa”.
Feita pelo Diiese, ela mostra que em três anos – de 2009 a 2011 – o número de pessoas ganhando a vida assim em São Paulo se reduziu em 25%: 41 mil camelôs a menos.
Pessoas como Jéssica Karina Rodrigues, 21 anos, que perdera o emprego e foi para o comércio ambulante.
Se o caso fosse apenas de polícia, sem poder trabalhar no centro, Jéssica teria ido para um centrinho de bairro ou mesmo para a periferia, onde o policiamento é menor. Mas, agora, há emprego, e foi isso que a tirou da rua:
- Entrei na loja e falei que já tinha experiência em vendas. A gerente me contratou na hora – e com carteira assinada.
O número de nordestinos entre os camelôs de São Paulo também baixou: de 41 para 32%, nos mesmos três anos. E segundo Alexandre loloian, coordenador do Dieese para a pesquisa, isso acontece porque muitos estão voltando para seus estados de origem, porque passou a haver oferta de emprego por lá.
Uma boa lição de como o progresso econômico com um mínimo de justiça social é muito mais eficiente para defender a tal “ordem urbana” que se quer acreditar ser possível á base do cassetete e dos programas de “limpeza étnica” que anda nas cabeças de parte da nossa elite.
Camelô sempre haverá, aqui e em toda parte do mundo. Eles são parte de nossa cultura e do desejo de muitos de comerciar, mascatear sem vínculo com empresas. Há espaço para todos e a repressão indiscriminada não ajuda nem mesmo o próprio comércio legalmente estabelecido nas áreas populares. Maria Denise Lima, gerente de uma loja de bijouterias na famosa 25 de março, o maior shopping popular de São Paulo, até lamenta a repressão excessiva aos ambulantes:
- Depois que a polícia começou a expulsar os camelôs, as vendas caíram pela metade. Se eles voltassem, acho que recuperaríamos o movimento.
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