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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A esquerda, a direita e a USP



Roberto Vazquez/Futura Press

Sírio Possenti
Terra Magazine
De Campinas (SP)

Leitores estranharam que eu não tivesse comentado o caso USP. Então, comento. A primeira observação que faço é que, quando se trata de questões políticas, sempre se pode encontrar "defeitos" no adversário. O complicado é quando nunca encontramos defeitos em nossa posição. Os textos sobre o caso mostram uma face nada boa da espécie humana. Sectarismo exagerado, que se traduz principalmente na incapacidade da crítica de si.

Sendo um pouco mais específico, diria que a leitura de artigos e cartas de leitores deixou claro que, pelo menos desta vez, as "esquerdas" foram bem mais sensatas do que "as direitas". Aquelas criticavam a reitoria, denunciavam abusos da polícia, diziam que a segurança na USP deve ser definida no interior de políticas universitárias, e admitiam claramente que, conforme a circunstância, a segurança do campus deve chamar a Polícia Militar. Não li nenhum texto que defendesse o uso de entorpecentes, dentro ou fora do campus. Li textos que defenderam a tese de que consumo é diferente de tráfico ou de comércio, com base na legislação. Também li que um dos erros dos que ocuparam a reitoria foi não ter seguido decisão da assembléia dos estudantes. Para confirmar, sugiro a leitura dos textos de Safatle, que representam bem as posições de "esquerda".

Por outro lado, a "direita" limitou-se a proferir agressões ou a repetir que os estudantes não estão acima da lei, como se alguém tivesse dito que estão ou devem estar (demandar "leis" específicas não é querer estar à margem da lei). Quem criticou a ação da polícia em relação aos três estudantes que foram pegos fumando um baseado foi considerado defensor de maconheiros. Mas ninguém "defendeu maconheiros". Para quem estuda simulacros, é um dado excelente. Para quem quer alguma objetividade, foi uma lástima.

Quem quiser ver a diferença, neste caso, entre a esquerda e a direita, deve olhar com mais cuidado para a direita. Que preste atenção nas figuras e nas ações dos skinheads no campus da USP e na coluna de Luiz Felipe Pondé na Folha de segunda-feira. Dois horrores.

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