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sábado, 26 de novembro de 2011

Brasil: país do presente!

"O Brasil é uma potência"


Se no Brasil muita gente ainda vê o país como uma republiqueta governada por incompetentes e corruptos, cujo destino é ser, irremediavelmente, um quintal das potências do Hemisfério Norte - mesmo que elas hoje estejam claudicando e prestes a tombar com o peso de sua arrogância -, no Exterior a coisa é bem diferente. O Brasil ganhou o respeito internacional e a cada dia recebe mais elogios de gente importante.
Desta vez foi o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, que, em entrevista à Deutsche Welle, a agência de notícias da Alemanha, afirmou que os europeus "devem repensar certos conceitos e construir o quanto antes novas alianças estratégicas e parcerias, e a América Latina desempenha um papel-chave nisso".
Segundo ele, o Brasil é" uma potência, é um país que, internacionalmente, se desenvolve de forma muito dinâmica, não só economicamente, mas também está ganhando cada vez mais influência política." Sua entrevista foi concedida em Berlim, durante a conferência "América Latina em Transformação", promovida pelo Ministério do Exterior da Alemanha. A seguir, a íntegra da entrevista, que também pode ser lida no site da DW:

Deutsche Welle: Qual foi o intuito do Ministério do Exterior da Alemanha ao organizar, em Berlim, a Conferência "América Latina em Transformação"?
Guido Westerwelle: A América Latina é um continente de grande dinamismo e importância estratégica para a Alemanha e a Europa. A América Latina é, ao mesmo tempo, um continente subestimado e um continente com grandes potenciais. Isso vale não só para a cooperação econômica, mas se aplica explicitamente no que diz respeito à cooperação política. Neste nosso mundo em transformação, novos centros de poder estão surgindo, e a América Latina e o Caribe, sem dúvida, fazem parte deles.
Assim como o Brasil, a Alemanha está lutando por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Mas o Brasil se absteve por exemplo, na votação de uma resolução contra a Síria na Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, e prefere o diálogo com o Irã ao invés do uso de uma maior pressão sobre a república islâmica. Uma potência emergente como o Brasil não deveria se posicionar mais claramente em defesa dos direitos humanos?
O Brasil e a Alemanha não estão unidos apenas pelo desejo comum de assumir mais responsabilidades no Conselho de Segurança, como também na avaliação comum de que um Irã com armas nucleares é algo inaceitável. Cooperamos de forma muito estreita e afinada em muitas questões, também no Conselho de Segurança da ONU, e o próprio fato de o Brasil atuar de forma tão determinada também na política mundial mostra que o mundo do século passado foi superado de forma irreversível. O Brasil é uma potência, é um país que, internacionalmente, se desenvolve de forma muito dinâmica, não só economicamente, mas também está ganhando cada vez mais influência política. O discurso de abertura da nova presidente do Brasil na Assembleia Geral das Nações Unidas foi muito impressionante e definiu prioridades que estimamos muito. E dá para perceber que as nossas posições culturais comuns, principalmente no que diz respeito à proteção da privacidade, à individualidade, aos direitos humanos e civis, também nos unem.
Os países do Brics, incluindo o Brasil, ofereceram ao FMI ajuda financeira para lidar com a crise da dívida europeia. Como os países do Brics podem ajudar?
Temos uma crise na Europa e vamos superá-la. E ficamos satisfeitos com a interconexão econômica mundial, que se amplia constantemente. Só entre os anos 2005 e 2010, o intercâmbio comercial entre Brasil e Alemanha aumentou 60%, ou seja, quase três vezes mais que em outras regiões comparáveis ​nesse mesmo período. E a maior comunidade econômica alemã fora da Alemanha fica em São Paulo. Isso, por si só, já mostra que o estreito intercâmbio econômico e a estreita cooperação política são de interesse mútuo. Com a minha política externa, quero manter, claro, as velhas amizades e parcerias: as alianças europeias, a aliança transatlântica. Mas também quero que os novos centros de poder no mundo ganhem mais nossa atenção. O mundo como ele era na minha juventude não existe mais. A América Latina da minha juventude era muitas vezes associada a temas como ajuda ao desenvolvimento, e hoje vemos que três países latino-americanos estão conosco no G20, sentados à mesma mesa, em pé de igualdade. Isso mostra que na Europa devemos repensar certos conceitos e que devemos construir o quanto antes novas alianças estratégicas e parcerias, e a América Latina desempenha um papel-chave nisso.
Nos campos da ciência e da cultura, o Brasil e a Alemanha têm uma estreita cooperação, como prova o Encontro Econômico Brasil-Alemanha, um fórum importante, que é realizado anualmente. O senhor acha que as intensas relações bilaterais entre os dois países são percebidas pela opinião pública?
A opinião pública e as discussões públicas ainda se encontram bastante defasadas em relação à situação real. Há muito tempo olhamos de forma muito interessada para a Ásia e para a dinâmica do continente, e damos muito pouca atenção à América Latina e às jovens sociedades que ali emergem e ascendem. Quando na Alemanha falamos sobre desenvolvimento demográfico, geralmente nos lembramos da nossa estrutura etária envelhecida e das necessidades relacionadas com os sistemas de segurança social. Quando falo de desenvolvimento demográfico, refiro-me ao desenvolvimento demográfico do mundo e uma grande porcentagem de pessoas na América Latina, especialmente no Brasil, é jovem, eles são ambiciosos, dinâmicos, arrojados e, portanto, também é importante que nos unamos e mantenhamos nossas estreitas amizades e fundemos parcerias estratégicas, fundamentadas em nossas raízes culturais e históricas.


Comentário do Senhor C.:

O título deste post é uma paráfrase ao livro de Stefen Zweig que escreveu, nos anos 70 uma análise do nosso país, a que intitulou Brasil, país do futuro. Pois é, parece muito claro que o futuro chegou. Nós parecemos estar preparados...mas a nossa mídia, e nossa elite ex-governante não. Estes aliados continuam remetendo a uma nostalgia da modernidade (aliás, excelente música do Lobão), em que continuamos suspirando sobre um primeiro mundo que está do lado de lá, ou acima de nós na direção de Miami, por exemplo. Tal postura não explica tudo, mas ajuda a entender um conjunto de raivosos esperneios, manchetes de jornais, programas de tevês e análises de colonistas...Avoé!

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