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domingo, 27 de maio de 2012

Vacina que pode matar


Há uma técnica midiática de atenuar o efeito de informações desfavoráveis, que consiste em antecipar parte dessas informações segundo determinado viés para que possa parecer fruto de intriga, chantagem ou maledicência.
O exemplo mais notório desse tipo de manobra foi o dossiê secreto, vazado como de autoria do PT, que incriminava José Serra com esquemas de lavagem de dinheiro e contas fora do País.Hoje se sabe por meio de informações coletadas pelo jornalista Amaury Júnior, que as informações eram verdadeiras e o dossiê fora forjado pelos homens de Carlinhos Cachoeira com a finalidade de desqualificar denúncias prestes a desmoralizar o então candidato Serra.

Pois está em marcha outra manobra desse tipo, protagonizada também desta vez pelo esquema do contraventor agora preso. Os agentes dela não são os soldados mobilizados por Cachoeira para infiltrarem-se entre petistas, mas uma destacada figura do Judiciário: o juiz do Supremo Gilmar Mendes.

O magistrado, que já havia sido acusado em abril de 2009 de valer-se de capangas por outro de seus pares, o juiz Joaquim Barboza em transmissão ao vivo da TV Justiça, devido a manobras jurídicas que pôs em andamento para que fossem arquivadas as denúncias contra o banqueiro Daniel Dantas, fez divulgar pela revista Veja que teria sido assediado pelo ex-presidente Lula para que abrandasse decisões relacionadas ao caso do chamado mensalão.

Disse o ministro do Supremo, em flagrante repetição do ardil utilizado por Serra em 2006, que o assédio de Lula envolveria a promessa de interferência deste na CPI que investiga as relações do criminoso Carlos Cachoeira para que não viessem à tona informações sobre encontros secretos que o juiz manteve na Alemanha com o principal homem do prisioneiro Cachoeira, o senador Demóstenes Torres.

A vacina – termo utilizado para caracterizar esse tipo de procedimento de desqualificação de acusações – parece não ter alcançado o efeito desejado porque de pronto outra testemunha presente ao encontro do ex-presidente com o magistrado, o ex-ministro Nelson Jobim, negou peremptoriamente o ocorrência do fato.

O veículo para a vacina foi a mesma revista Veja de sempre, suspeita de beneficiar-se e favorecer as ações de chantagem praticadas por Cachoeira, com fins de direcionar concorrências públicas. A ação defensiva seria do interesse do próprio periódico, que ficaria na posição de perseguido por revelar informações jornalísticas contrárias ao principal partido de apoio ao governo.

A jogada da revista e do magistrado é de alto risco, não apenas pelo testemunho de Jobim, mas porque assim como no mundo da biologia uma vacina para fazer efeito precisa que o organismo atacado não tenha criado resistências nem que o corpo reaja negativamente à sua ação imune.

A luta que o País trava contra a corrupção é tão efetiva e real nas circunstâncias da política brasileira de hoje que o juiz contaminado não poderá fazer sobreviver sua combalida moral. As ligações da autoridade com o senador mafioso Torres está fartamente documentada pelas investigações levadas a efeito pela Polícia Federal. É o tempo de virem a tona para que se inicie a limpeza do Judiciário com o primeiro impeachment de um dos seus expoentes.



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