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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Deleuzianas IV

“Primer ejemplo: quiero y admiro a Foucault. He escrito un artículo sobre él. Y él ha escrito un artículo sobre mí, en el que se encuentra la frase: “quizá un día el siglo sea delleuziano”. Tu comentario: se echan flores. Parece como si no pudieras concebir que mi admiración por Foucault sea real, y mucho menos comprender que la frasecilla de Foucault es una fórmula cómica destinada a hacer reír a nuestros amigos y rabiar a nuestros enemigos.”

Trecho extraído da Carta a um crítico severo. In: Deleuze, Gilles. Conversaciones. Tradução de José Luiz Pardo. 2 Ed. Valencia: Pré Textos, 1996.



Comentários do Senhor C.

- Este trecho me afetou, no melhor sentido deleuziano do termo, porque me pareceu não ser inteiramente uma posição sincera. De fato, o artigo de Michel Foucault mencionado por Gilles Deleuze se encontra na publicação intitulada “Marx, Freud e Nitzsche”, na seção em que Foucault comenta a obra de seu patrício, particularmente Lógica do Sentido, e Diferença e Repetição. Não me pareceu, lendo o artigo, que Foucault tenha usado a expressão como um chiste, a exemplo do que dar a entender Deleuze.

Por que razão nosso autor faz isso? Difícil sabe-lo. Há, no entanto, um claro hiato entre o modo como Foucault enuncia este "oxalá um dia o século seja deleuziano', e a impressão de mera aleivosia que dá a entender Deleuze quando diz que foi uma frase usada para divertir os amigos e irritar os inimigos.

Cabe interrogar se é permitido a um filósofo, ainda que numa carta - que é um documento pessoal e voltado para uma comunicação mais reservada - usar de recursos apenas estilísticos, ainda mais quando resolve publicar seu argumento expondo seu oponente ao ridículo?!

Certamente, este século tem se aproximado de se tornar deleuziano: seu exército de leitores e admiradores não para de crescer e se multiplicar, e em todos os cantos se formam núcleos, grupos, coletivos e redes delleuzianas.

Gilles Deleuze tem sido usado como o melhor explicador da contemporaneidade, como decerto Marx, Freud e Nitzsche já o foram, exatamente como já dissera Foucault para explicar a emergência de uma nova ‘consciência’ na passagem do XVI para o XIX.

Quanto aos acertos ou equívocos desta opinião reinante sobre as potencialidades explicativas do pensamento deleuziano é uma questão que foge ao tamanho e ambição deste comentário discutir.









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