Nos capítulos iniciais de sua obra, O Mal Estar na Civilização, Freud se dedica a nos introduzir, na questão que medeia a relação existente entre civilização e individualidade, que ora examinaremos. Ele delineia uma argumentação em torno do aparelho libidinal do homem e das conseqüências que sobre este vai exercer a civilização na luta que trava contra estes impulsos libidinais dos indivíduos, e que são as estratégias de segurança e de pertencimento coletivo.
“A sublimação do instinto constitui um aspecto particularmente evidente do desenvolvimento cultural; é ela que torna possível as atividades psíquicas superiores, científicas, artísticas ou ideológicas, o desempenho de um papel tão importante na vida civilizada” (p. 103).
À primeira vista, trata-se de uma afirmativa que resumiria a sublimação à um vicissitude imposta aos instintos, de forma total pela civilização. Mas o autor nos convida a refletir um pouco mais sobre isso. Trata-se, continua ele, de não desprezar o ponto até o qual a civilização é construída sobre uma renúncia aos instintos, verdadeira “frustração cultural” que domina o campo dos relacionamentos sociais entre os seres humanos.
“Mas se quisermos saber qual o valor que pode ser atribuído a nossa opinião de que o desenvolvimento da civilização constitui um processo especial, comparável à maturação normal do indivíduo, temos, claramente, de atacar o problema. Devemos perguntar-nos a que influência o desenvolvimento da civilização deve sua origem, como ela surgiu e o que determina o seu curso” (p. 104).
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