Pero, ante todo, el modo de liberarme que utilizaba en aquella época consistía, según creo, en concebir la historia de la filosofía como una especie de sodomía o, dicho de otra manera, de inmaculada concepción. Me imaginaba acercándome a un autor por la espalda y dejándole embarazado de una criatura que, siendo suya, sería sin embargo monstruosa. Era muy importante que el hijo fuera suyo, pues era preciso que el autor dijese efectivamente todo aquello que yo le hacía decir; pero era igualmente necesario que se tratase de una criatura monstruosa, pues había que pasar por toda clase de descentramientos, deslizamientos, quebrantamientos y emisiones secretas, que me causaron gran placer.
Comentários do Senhor C.
- Aqui, Gilles Deleuze se refere aos modos pelos quais a sua geração (mas, de certo modo, nós, seus leitores) se libertou dos complexos e dos efeitos que um conjunto de obras e autores exerceu na produção de sujeitos do seu tempo, que são os autores iluministas modernos e os adpetos do que se chamou de estruturalismo. Creio que ele alude, sobretudo, às influências que um modo submisso com que, em geral, o leitor se debruça sobre uma obra, uma teoria explicativa da sociedade e do mundo. Há aqui, mais uma vez, o impacto de suas expressões: Sodomia? Imaculada concepção? Gravidez de filhos monstruosos?
O que, então, significa esta libertação? Aproximar-se de autores-referência, não para admira-los, copia-los, repeti-los, mas para revelar a monstruosidade de suas obras, distorcendo-as, portanto? Tornando decifrável o indecifrável, ou, antes, o contrário? Descentramento, deslizamento, emissões secretas?
Decerto, talvez o próprio autor, se ainda vivo, se quedasse surpreso com o modo como vem sendo lida sua obra, que, a exemplo do que já aconteceu com vários na história da filosofia, parece estar sendo lida como um catecismo, um vade mecum, um manual de revolucionários silenciosos, um guia de ação para máquinas desejantes. Ou estarei enganado?
Em não sendo o caso, como sodomizar a obra deleuziana, no mesmo sentido que ele emprega para dizer o que fez, ou procurou fazer, com as obras de outros autores? Sodomização, enfim, a que coube uma única ressalva: Deleuze assume ou reconhece que seu ‘método’ tem limites, e que há autores que não podem sofrer a sodomização, mas apenas um é digno de menção: Nietzsche! Constituiria, esta exceção, um confissão de afiliação? Uma vítima que escapa à sodomia?!
Comentários do Senhor C.
O que, então, significa esta libertação? Aproximar-se de autores-referência, não para admira-los, copia-los, repeti-los, mas para revelar a monstruosidade de suas obras, distorcendo-as, portanto? Tornando decifrável o indecifrável, ou, antes, o contrário? Descentramento, deslizamento, emissões secretas?
Decerto, talvez o próprio autor, se ainda vivo, se quedasse surpreso com o modo como vem sendo lida sua obra, que, a exemplo do que já aconteceu com vários na história da filosofia, parece estar sendo lida como um catecismo, um vade mecum, um manual de revolucionários silenciosos, um guia de ação para máquinas desejantes. Ou estarei enganado?
Em não sendo o caso, como sodomizar a obra deleuziana, no mesmo sentido que ele emprega para dizer o que fez, ou procurou fazer, com as obras de outros autores? Sodomização, enfim, a que coube uma única ressalva: Deleuze assume ou reconhece que seu ‘método’ tem limites, e que há autores que não podem sofrer a sodomização, mas apenas um é digno de menção: Nietzsche! Constituiria, esta exceção, um confissão de afiliação? Uma vítima que escapa à sodomia?!
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