A “civilização” parece garantir um estado de coisas que nos parece cada vez mais indispensável. De fato, é só pensamos nas vitórias da raça humana perante os constantes desafios da natureza, entre os quais escalaríamos a vitória contra os micróbios, a adaptação a ambientes físicos tão diversos como savanas, desertos e florestas, a melhoria das condições de vida cotidiana com o sem número de invenções e artefatos que dotam de conforto e comodidade as tarefas do dia-a-dia para brotar um sentimento de satisfação por fazermos parte desta cultura e do modus vivendi que ela propicia. No entanto, também paira no cotidiano uma espécie de mal-estar, uma sensação desagradável invade cada um de nós, e a pergunta mais geral é em que a sociedade atual tem contribuído para este desassossego, esta inquietude, essa angústia geral que se espalha e contamina, ou está presente, em todas as relações pessoais e individuais.
Esta questão já ocorrera aos pensadores e físicos sociais dos séculos anteriores, e várias tentativas de responder a ela fizeram com que várias concepções e respostas fossem tentadas. Os que mais parecem ter se entregado a esta lide são os chamados filósofos políticos, sempre inquietos em responder ou decifrar os modos pelos quais a sociedade humana se organiza, distribui o poder e inter-relaciona as várias tarefas envolvidas na construção da vida humana. Podemos mencionar, sem dúvida, as contribuições de Locke e de Hobbes, a este respeito, e esta citação não será acidental como esperamos demonstrar mais adiante.
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